Andava
ela vagueada pela casa, sozinha. Estava sozinha em casa e sentia-se sozinha no
mundo, mesmo não estando. Sentia que não tinha ninguém para lhe dizer ‘gosto de
ti’ ou mesmo ‘nunca fui com a tua cara’. Ela sentia-se desta forma, mas sabia
que as coisas não eram assim e que nunca o foram. Ela sempre teve quem gostasse
dela e também alguns invejosos que não gostavam. Mesmo sabendo isto, sentia-se estupidamente
estúpida; estupidamente triste; estupidamente feliz; estupidamente sonhadora;
estupidamente inocente; estupidamente só; estupidamente apaixonada;
estupidamente tudo.
Não sabia
o que sentia pelas pessoas nem aquilo que as pessoas sentiam por ela. Tinha medo
daquilo que as pessoas poderiam pensar do ser dela. Talvez estivesse a ser
estúpida, mas ela tinha medo… Ela não compreendia o que estava a acontecer na
cabeça dela ou, até mesmo, no seu coração. Acho mesmo que ela não queria
descobrir aquilo que se passava, por medo. Tinha medo de que fosse algo sem
remédio. Mas esqueceu-se que tudo tem remédio e pode ser bem resolvido. Ela tinha
medo e não falava com ninguém… não dizia o que sentia nem o que imaginava.
Aos poucos
ela foi percebendo o que estava a acontecer dentro de si e percebeu aquilo que
ela tinha.
O coração
apertado…
- Sara Lopes



